Apesar das tensões que marcaram o cenário nacional este ano, a Comissão de Assuntos Econômicos da Assembleia Nacional do Poder Popular analisou, com uma abordagem crítica, os fracassos na produção de bens e serviços e nas exportações, bem como a apresentação das estimativas com as quais a economia cubana fechará em 2024, tema que será discutido em profundidade no 4º período ordinário de sessões da 10ª Legislatura.
Ao intervir no debate, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e presidente da República, destacou a importância da discreta diminuição do déficit orçamentário estimado para o final de 2024, no contexto de uma economia de guerra.
Esse resultado apoia o Programa de Estabilização Macroeconômica do país com uma redução na taxa de inflação, que, embora não influencie diretamente a redução de preços, apoia positivamente o projeto do Orçamento do Estado para 2025.
A esse respeito, Díaz-Canel comentou que o resultado foi possível porque se passou da contemplação dos fatos econômicos para a tomada de medidas contra os altos níveis de evasão fiscal e outras questões que têm um impacto negativo sobre a dinâmica econômica do país.
No entanto, observou que ainda há muito trabalho a ser feito, pois ainda há altos níveis de sonegação, indisciplina no pagamento de multas e impostos, entre outros problemas e ilegalidades.
O presidente também disse que o plano orçamentário para 2025, além de reduzir o déficit orçamentário, concentrará os investimentos nos problemas mais complexos que a nação enfrenta, incluindo o processo de transformação de energia para fontes renováveis.
A esse respeito, disse que, na medida em que houver progresso na redução gradual do uso de combustível para a geração de eletricidade, será possível reativar a economia com mais produção de bens e serviços.
CUBA PREVÊ CRESCIMENTO DE 1% DO PIB ATÉ 2025
Joaquín Alonso Vázquez, ministro da Economia e Planejamento (MEP), destacou que este ano houve uma recuperação produtiva limitada dos produtos nacionais, como consequência do déficit cambial, dos efeitos da disponibilidade de eletricidade e combustível, juntamente com o impacto negativo dos furacões e terremotos, que continuaram influenciando os desequilíbrios macroeconômicos internos e a inflação, entre outros fatores.
Nesse sentido, destacou que os indicadores de exportação de bens e serviços não foram atingidos, nem foi possível alcançar a meta estabelecida para o turismo, o que teve um impacto negativo sobre a capacidade de ganho de nossa economia.
No caso da agricultura, acrescentou, que é outro setor fundamental para o desenvolvimento nacional, a produção de alimentos, legumes e outras culturas ficou abaixo do planejado para o ano, enquanto a colheita de açúcar também não atingiu o valor prometido.
Alonso Vázquez também apontou o impacto negativo da redução na geração de eletricidade devido a déficits tanto na capacidade de geração quanto na disponibilidade de combustível, limitando assim os resultados da produção.
Abordou o impacto nos processos de investimento devido à disponibilidade limitada de recursos essenciais para a construção, como aço e cimento.
No entanto, o ministro destacou que, com vistas a 2025, todas as capacidades da economia nacional foram revistas e, com base nesse processo, iniciou-se o planejamento para o próximo ano, sob o princípio fundamental de ser coerente com o preceito de administrar a crise atual, mitigar os impactos da guerra econômica e avançar mesmo nessas condições, mobilizando todas as reservas possíveis.
Para tanto, planeja-se um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 1%, e as prioridades estabelecidas são a necessidade de gerar novos recursos, impulsionar os itens exportáveis e agregar valor aos atuais, bem como promover as exportações baseadas em conhecimento e alta tecnologia, recuperar os serviços de turismo e impulsionar outros serviços profissionais, juntamente com o fluxo de investimento estrangeiro direto.
