ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Foram conseguidos os elementos necessários para a manutenção do terceiro e quarto gerador da usina termelétrica Carlos Manuel de Céspedes, de Cienfuegos. Photo: Julio Martínez Molina

A fim de reanimar o Sistema Elétrico Nacional (SEN), no menor prazo de tempo possível, foi desenhado, com vista ao ano de 2025, um programa do Governo para a sua recuperação. Consiste em atingir uma sustentabilidade na geração que satisfaça as exigências da economia e da população com uma abordagem de transição rumo à soberania energética.

 O ministro de Energia e Mineração (Minem), Vicente de la O Levy, no segundo dia de sessões, do 9º período ordinário da 10ª Legislatura da Assembleia Nacional do Poder Popular, informou que este programa – liderado, semanalmente, pelo Comandante da Revolução, Ramiro Valdés Menéndez – abrange desde ações concretas, em um muito curto prazo, até outras de caráter estratégico.

 Contudo, o ministro lembrou que esta estratégia foi concebida em meio de uma situação econômica muito complexa, o que expressa a vontade do Estado de dar prioridade ao setor elétrico.

 «Respondendo a justa pergunta de nosso povo acerca do aumento dos apagões neste ano, em relação a 2023, há dois elementos fundamentais que impactaram na diminuição da capacidade de geração: a impossibilidade de garantir o combustível necessário para o SEN, e a retirada de uns 300 megawatts da geração», explicou o ministro.

 A esta situação se acrescentaram outras complexidades, associadas a três blecautes gerais do SEN, as afetações provocadas por dois furacões e um terremoto, além dos impactos diretos do bloqueio.

 Quanto a este último aspecto, De la O Levy revelou que existiram atrasos na reabilitação de geradores em algumas usinas termelétricas devido à recusa de algumas empresas estrangeiras de sustentar seus contratos comerciais com Cuba, e como resultado disso foi preciso iniciar novos processos de troca com outras companhias e fabricantes.

 Ainda, em decorrência das pressões estadunidenses contra aqueles que tentam estabelecer relações comerciais com a Ilha, foram retirados, sem aviso prévio, trabalhadores estrangeiros que se encontravam operando em usinas elétricas e se impuseram dificuldades para a chegada direta a Cuba dos recursos necessários para os investimentos ou operações do sistema elétrico nacional, entre outras.

CAMINHO À RECUPERAÇÃO DO SEN

 Apesar dessa realidade, a estratégia nacional para a recuperação energética mostra hoje o maior número de investimentos, a partir da construção de 92 parques solares fotovoltaicos, que gerariam 2.000 megawatt (MW), dos quais 55 estarão disponíveis no próximo ano. «Isso representa, sem dúvida, um impacto positivo na eliminação do blecaute do horário do dia», afirmou o ministro de Energia e Mineração.

 Da mesma forma, o programa prevê recuperar 850 MW de disponibilidade na geração distribuída e de geração na usinas termelétricas que empregam o combustível nacional, atingindo uma disponibilidade média de 1,400 MW.

 Da mesma forma, se prevê propor um esquema financeiro para resolver a dívida com uma companhia turca, reabilitar as redes elétricas, encorajar a transição energética, garantir o fornecimento estável que satisfaça a demanda de oito milhões de toneladas de combustível, e implementar ações para conseguir um emprego racional da energia por parte dos consumidores.

 O titular de Energia e Mineração precisou que, como respaldo a esses objetivos, já começou a recuperação do segundo gerador da termelétrica Felton, em Holguín; já dispomos dos suprimentos necessários para a manutenção do terceiro e quarto gerador da termelétrica Carlos Manuel de Céspedes, da província de Cienfuegos; e, ainda, estão chegando ao país os recursos para a construção dos quatro depósitos de combustível no porto de Matanzas, que foram destruídos pelo fogo.

 Ainda, como parte desse programa, há avanços na construção de 2 mil parques solares e se prevê a transferência da usina bioelétrica Ciro Redondo, em Ciego de Ávila, da AzCuba para a União Elétrica.

 Acrescentou que, como parte de uma doação, encontra-se em andamento um projeto para instalar 120 MW adicionais em parques solares, para o qual estão sendo distribuídas 10.500 baterias para sistemas fotovoltaicos que se encontram fora de serviço.

 O ministro disse que já foram comprados e devem chegar, nos próximos anos, uns 5 mil sistemas fotovoltaicos para instalar em 2,781 moradias que ainda faltam por ser eletrificadas e melhorar mais 2,219 que recebem eletricidade um número limitado de horas ao dia, mediante geradores de emergência.

 Expôs que se dá prioridade ao programa de instalação de sistemas solares em equipamentos de impulsão de água, de forma a garantir o fornecimento à população, a agricultura e a economia. «Hoje estão instalados 771 sistemas de bombeamento; mais 179 em processo de instalação; e a partir das diligencias realizadas, 965 estão previsto para o próximo ano», precisou.

 O plano do Governo ainda prevê, como outras ações, a implementação de medidas encaminhadas a elevar a atenção dos trabalhadores do setor elétrico, com melhoras salariais e outros incentivos que favoreçam a estabilidade dessa força especializada e, portanto, sua maior eficiência.

UMA NORMA PARA O CONTROLE E USO EFICIENTE DOS COMBUSTÍVEIS 

 Outra das esferas em que se concentrou o plano do Governo para a recuperação do SEN em 2025 e apoiar a transição energética do país, é a do uso racional da energia. Nesse sentido, acaba de entrar em vigor o Decreto 110º/2024, do Conselho de Ministros, que estabelece as regulamentações para o controle e uso eficiente dos combustíveis, outros elementos energéticos e o uso racional da energia.

 A norma estabelece a elaboração de um programa para o desenvolvimento das fontes renováveis de energia e a eficiência energética, que tem como objetivo que cada local de trabalho conte com uma projeção de qual tecnologia deve ser instalada, como e quando.

 «Manter esses patamares de autonomia e eficiência energética não é possível para o SEN nas condições em que está operando atualmente, e inclusive em condições normais, pelo que é preciso que todos possamos contribuir para a geração, e que ao mesmo tempo contribuamos ao cuidado do meio ambiente», destacou o ministro.

 Esta medida está ligada estreitamente à que foi estabelecida para os altos consumidores estatais ou privados.

  A esse respeito, precisou que têm sido muitas as preocupações dos empresários e do povo em geral sobre como e onde adquirir a tecnologia que aproveita as fontes renováveis de energia.

 «Uma das questões na qual temos concentrado nossos esforços é em aproximar essa tecnologia dos consumidores, com incremento de sua disponibilidade no país. Como resultado disso já foram comprados 3 mil sistemas fotovoltaicos, que chegarão ao país no próximo ano e, paralelamente, vamos continuar as negociações para incrementar esses volumes», anunciou.

 Entre as novas questões que contempla o Decreto se encontra o estabelecimento de um plano de consumo de energia elétrica, que inclui os altos consumidores de energia do setor não-estatal.

 Isso responde à necessidade de controlar o consumo de energia nas formas não-estatais de gestão, tal como se controla o das empresas estatais, com o fim de distribuir o déficit e diminuir, no possível, as afetações ao povo, enquanto as capacidades e geração disponíveis não possam satisfazer a procura.

 O processo, já em andamento, começou com o registro da demanda de cada local de trabalho, se prevê que em 1º de janeiro cada um deste centros contem com seu plano de energia, o qual será controlado mensalmente, mediante os conselhos energéticos municipais e provinciais.