
COMANDO GERAL DE LA PLATA, Granma.— A montanha tem alma. É um ser vivente inescrutável: que tem seu latidos, fios de água pura e outras veias, ar fresco que se impregna em todas as pessoas que entram à procura do coração deste universo; que em caminhos limpos, abismos e inúmeros labirintos perigosos.
Com certeza, a montanha é coisa de valentes e a gente não deve entrar nela caso não ter suficiente determinação.
Um exemplo em estado puro do acima referido é a Serra Maestra, esse palco no qual germinou a Revolução e que, tão só ao caminhar por alguns de seus trechos, oferece a ideia da grandeza das mulheres e dos homens que determinaram, a partir da profundeza do matagal, travar a batalha para mudar o estado das coisas.
Teve muito simbolismo o fato de que, na segunda-feira, 6 de janeiro, na manhã, o presidente Miguel Díaz-Canel; o secretário de Organização do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e membro do Bureau Político, Roberto Morales Ojeda; a primeira-secretária da União dos Jovens Comunistas (UJC), Meyvis Estévez Echeverría, outros líderes jovens, do mundo estudantil e também dessa província, adentrassem na Serra Maestra, em uma sorte de homenagem muito sentida a essa geração que teve na montanha um aliado para empreender, a partir da revolta mais plena e arriscada, uma obra colossal para emancipar milhões de pessoas.
«Com Fidel nas alturas», assim batizaram os jovens de agora a rota histórica empreendida quando começou o ano e que, ao procurarem nesta segunda-feira, 6 de janeiro, os caminhos da montanha, vão seguindo as pegadas de Fidel, quem há 65 anos percorreu o mesmo local – de 1º a 9 de janeiro – acompanhado de 390 jovens das Brigadas de Estudantes Universitários. Como terá sido aquele reencontro com aquele universo de combates? Que emoções terão deflagrado no coração do jovem Fidel quando, em outras ocasiões, lembrou-se dos dias da guerra?
Nesta segunda-feira, 6, acompanhados da liderança do país, 65 jovens de diversos setores da sociedade e vindos de todas as províncias, adentraram na Serra Maestra, não somente para evocar um Fidel vitorioso, mas também para entenderem a imensidão daqueles combatentes que tiveram que aprender a conviver com a vegetação para assim sobreviver e levar passos de vantagem a um inimigo muito superior quanto a apetrechos, mas jamais maior quanto a imaginação e coragem.
No Comando Geral de La Plata chegaram a nascer 17 instalações rebeldes. Ali – nessa estrutura que foi muito bem explicada, na segunda-feira, 6, por um historiador bem informado, a partir do Museu do Comando – estiveram os germes do que depois seria a educação, a saúde, a atividade legislativa, a comunicação de uma Revolução no poder. Ali, os jovens rebeldes aprenderam a administrar um país e fazer de cada ato uma peça humanista de um processo político colossal.
Além da meditação, da passagem tenaz de cada caminhante nesta segunda-feira, além da irmandade e da resolução da resistência, teve muito valor, e empolgou, calada ou explicitamente, fazer um alto no caminho para assistir à troca de ideias entre o presidente Díaz-Canel e os jovens que o acompanharam na caminhada, e que em um local do Comando Geral conversaram sobre a Cuba amada.
«Em tempos difíceis a juventude jamais se rendeu, e nunca vai se render», refletiu Meyvis Estévez, quem, aliás, desenvolveu conceitos como os do desafio ideológico e a necessidade de andarmos unidos; como os da superação e a vitória.
Como um pai, e junto à sua companheira, Lis Cuesta Peraza, o presidente da República de Cuba lembrou aos jovens que em questões de caminhos difíceis o importante é chegar à meta, «e, às vezes, não importa se demoramos um pouco mais».
«Como se estão sentido em uma experiência como esta, no que estão pensando quando vão contornando os obstáculos do caminho, quando parece que vão cair em meio de um trecho íngreme», perguntou o presidente. E uma voz júnior disse rapidamente que se pensa «em continuar na frente».
Díaz-Canel falou de que este tipo de expedição é um verdadeiro «encontro com a história». Falou acerca da unidade e sobre como a participação e o conhecimento dos eventos que nos trouxeram até o presente constituem alicerces dessa unidade tão necessária.
Destacou, ainda, o valor que acarreta, para tempos tão complexos, contar com uma convicção histórica e com o orgulho de sermos cubanos.
Quanto ao heroísmo, lembrou que essa fortaleza se alimenta justamente da história, pelo qual a liderança do país não tem dúvida alguma acerca do importante que é que os jovens caminhem por locais como o da Serra Maestra. O presidente compartilhou diversos detalhes da história da Pátria e expressou que percursos como o que fizeram nesta segunda-feira, 6, tornam possível o aprendizado da história, e até a possibilidade de estar fazendo essa história a partir do momento presente.
«Amanhã nos vamos sentir diferentes», afirmou o presidente. E externou a sua convicção de que após termos estado no Comando Geral de La Plata «faz-nos melhores revolucionários». E no tocante à necessidade da aproximação do histórico, usando como ponto de partida os locais originais, ou procurando motivações frescas, disse: «Acho que se o fizermos bem, se o fizermos sem modelos estáticos, sobre a base de participarmos conscientemente, nós todos vamos ser melhores revolucionários em cada momento».
No encontro também falaram os jovens: referiram-se a temas da produção, da inovação, da espiritualidade, do amor à Pátria. E em um dado momento o jornalista Yuniel Labacena expressou algumas interrogantes, as quais serviram de motivação para que Díaz-Canel externasse conceitos muito importantes.
Por exemplo, Yuniel quis saber acerca dos conceitos que o presidente gostaria de compartilhar com as novas gerações, com quais fortalezas da União dos Jovens Comunistas (UJC) ficaria, e com quais aspectos não. O presidente disse, então, que «é preciso sentir a Revolução», que tão só pediria à juventude banir todo o tipo de burocratismo; e que o melhor seria não perder o entusiasmo, nem o compromisso, nem a capacidade de lutar.
E a propósito do bloqueio imperial que pretende asfixiar a vida na Ilha maior das Antilhas, expressou algo que, inevitavelmente, levou a lembrar Fidel: «A Revolução tem a razão». Reafirmou isso porque «a razão está do nosso lado», que o bloqueio não vai acabar porque tenhamos que fazer alguma concessão, que não vai acabar porque tenhamos que abrir mão de princípio algum.
Enunciou que o bloqueio «tem que ser eliminado sem nada em troca». E definiu que «eis a dignidade do povo cubano»; e que cada dia, cada um de nós, tem que fazer uma vindicação de Cuba, tal como fez José Martí: defender Cuba das ofensas, da subestimação, de tudo aquilo que vai sendo armado mediante a maquinaria da mídia, lá onde a Cuba real não está.
Em meio de cantos, sem esquecer, tal como pediu o presidente, a justa causa do povo palestino, em meio da merecida homenagem a um grupo de jovens que receberam a carteirinha de militantes comunistas, o palco parecia coroar a travessia deste lugar: era preciso ser muito grande para adentrar no matagal; era preciso ter uma determinação absoluta sobre a opção escolhida.
E essa verdade não foi fácil de descobrir nos adentrando na Serra Maestra, porque o passo foi empolgante e difícil; e em apenas horas, além dos livros consultados, a história se apresentou em toda a sua crueza e beleza, em toda a sua força e sentido, em todo o respeito que merece.
A montanha disse: aqueles que lutaram em cumplicidade com ele, jamais foram pequenos. Eles merecem toda a veneração.