ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Foto: Charge de Moro 

Qual é o significado da crise diplomática que se avizinha no mundo e como, em decorrência dela, pode ser conquistada uma nova ordem econômica internacional em que haja um sistema que garanta o superpoder do Norte?
 Essa questão foi alvo de reflexão no workshop regional Construindo a Nova Ordem Econômica Internacional, no terceiro dia da 6ª Conferência Pelo Equilíbrio do Mundo, que discutiu a urgência de articular forças de esquerda para que os países da América Latina alcancem a verdadeira independência.
 Na reunião, David Adler, coordenador-geral da Internacional Progressista, ressaltou que «a unidade é a única forma de vencer. No entanto, é necessário buscar os mecanismos que nos permitam avançar com uma política muito concreta, porque nenhum país sozinho será capaz de derrotar o imperialismo, o Fundo Monetário Internacional ou o criminoso Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros, que é o órgão com capacidade para sancionar e excluir qualquer sistema de financiamento internacional».
 «Um exemplo para entender a ordem internacional que governa atualmente é quando as multinacionais imperialistas processam os Estados pelo suposto crime de perda de lucros, embora, na realidade, tenham apenas aumentado o salário mínimo, regulado o meio ambiente, protegido os territórios ancestrais dos povos indígenas», disse David Adler.
 Entre as ideias apresentadas, Irene Montero, ex-ministra da Igualdade da Espanha, argumentou que, em todo momento de crise, o capitalismo usa a dinâmica de forças para se impor, como no caso do genocídio, da normalização do extermínio de pessoas, do roubo e da expropriação de terras por um poder.
 «Por outro lado, há um consenso na humanidade de que a forma como a sociedade e a economia estão organizadas não está funcionando», disse.
 Nesse sentido, Adriana Abdenur, assessora especial da presidência do Brasil, reconheceu que as elites neoliberais nos países do Sul tendem a apoiar ideias fascistas, porque foram treinadas com essa abordagem e, em muitos casos, se beneficiam política e economicamente.
 Portanto, «somos vítimas de uma reedificação do nacionalismo econômico encorajado por uma extrema direita articulada», acrescentou.
 Adriana destacou que, embora as economias avançadas invistam em tecnologias verdes e outros meios econômicos, também veem a crise climática como uma série de oportunidades e tentam transferir os ônus para o sul global, apelando para argumentos moralistas. Portanto, é «essencial fortalecer as iniciativas internacionais e buscar formas de promover a cooperação».
 Além disso, como parte do evento, o intelectual dominicano brasileiro Frei Betto recebeu o prêmio da Academia Cubana das Ciências por ser um pensador prolífico.