
Playita de Cajobabo, Guantánamo.— Na noite de 130 anos atrás, após uma década de tentativa de independência, o exílio foi deixado para trás, a pátria e um punhado de filhos e filhas se encontraram novamente aqui. Dessas areias brotou uma luz para Cuba e para a América Latina.
José Martí e Máximo Gómez, à frente do desembarque, junto com Antonio Maceo, liderariam a Revolução que, iniciada 27 anos antes em La Demajagua, havia deixado inacabada a missão de independência da Ilha, sem que as causas originais tivessem desaparecido.
Por mais que a Espanha persistisse em manter seu domínio colonial, sabia naquele momento que estava fadada ao fracasso, pois era incapaz de deter o ímpeto insurrecional dos cubanos. Já naquela época, uma sombra imperial – a mesma que ainda nos assombra – estava pairando sobre nosso povo e nossos irmãos na região; esse era o maior perigo.
José Martí estava pensando na grande pátria e na nossa quando se propôs a organizar a Guerra Necessária, com o objetivo de «impedir a tempo, com a independência de Cuba, que os Estados Unidos se espalhassem pelas Antilhas, e caíssem com força sobre nossas terras na América».
Nada o deteve em seu esforço patriótico. O olhar ameaçador da fera imperial, longe de o intimidar, fermentou a determinação dos cubanos de lutar, sob a orientação de Martí. A luta foi dura e intensa, mas nos transformou em um povo livre e sem senhores, e essa escolha transbordou a Ilha.
A América Latina é uma rota, e Cajobabo tem um significado especial nela. Desde aquela noite de abril de 1895, deixou de ser apenas um lugar, pelas mesmas razões que, desde então, o dia 11 de abril tem sido muito mais do que uma data.
Porque foi ali, e naquele momento, que surgiu uma determinação forte e unida, um espírito mais firme e resoluto quando o perigo para Cuba e para a irmã América era maior.
Cajobabo e Abril voltarão com o exemplo e o espírito, em qualquer lugar e em qualquer momento, como na 9ª Cúpula da Celac em Honduras, desta vez para enfrentar «a distorção oportunista da história e da realidade» denunciada pelo presidente Miguel Díaz-Canel, diante do «retorno declarado à Doutrina Monroe, que só pode ser enfrentada com a unidade».
Na raiz de Cuba e da América Latina há um Cajobabo e um 11 de abril. Uma raiz que se transformou em árvore e cresceu até renascer no fruto mais desejado: a liberdade que desembarca como legado de uma geração a outra, na aurora de cada novo tempo que virá.