
Ao dar as boas-vindas ao monsenhor Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados e Organismos Internacionais da Santa Sé, em 5 de junho, no Palácio da Revolução, o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, expressou seu prazer em recebê-lo mais uma vez em Cuba.
Nesse sentido, ressaltou que a visita oficial de monsenhor Gallagher, «a quem respeitamos e estimamos muito, ocorre no contexto da comemoração do 90º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a Ilha maior das Antilhas e a Santa Sé, bem como do décimo aniversário da visita ao Vaticano do então presidente, general-de-exército Raúl Castro Ruz, líder da Revolução Cubana, e da visita pastoral do papa Francisco à Ilha.
Referindo-se ao papa Francisco, o chefe de Estado disse que «temos uma boa lembrança dele, uma lembrança agradável, e Cuba o mantém como um bom amigo». Enfatizou que «em nosso povo há um sentimento de respeito e admiração pelos gestos e preocupações que ele teve com os problemas do povo cubano».

Pediu ao seu interlocutor que estendesse «cordiais saudações ao papa Leão 14, bem como um convite para que nos visite, porque seria um prazer para nós recebê-lo e ele será atendido como merece, dada a sua liderança à frente da Igreja Católica em nível internacional».
Em particular, referindo-se ao contexto atual, destacou a importância de reconhecer «a forma como, durante nove décadas, se desenvolveram as relações entre a Santa Sé e Cuba, que se baseiam no respeito, com um alto nível de diálogo político, com uma comunicação sistemática, e que foram capazes de superar os obstáculos ao longo do tempo».
«Expressamos mais uma vez nossa vontade de continuar fortalecendo este diálogo construtivo com a Santa Sé», disse o presidente cubano.
«Continuamos comprometidos em continuar respeitando e aperfeiçoando a liberdade religiosa em Cuba, como proclama nossa Constituição da República, e com base nas conquistas que obtivemos em nossas relações com as diferentes igrejas», disse.
Ao mesmo tempo, reiterou a rejeição de Cuba à «política dos Estados Unidos em relação a Cuba e a visão que têm de nosso país na área da religião».
Enfatizou que «mais uma vez queremos agradecer à Santa Sé pelo apoio que tem dado ao povo cubano na luta contra o bloqueio, questões que estão permanentemente no marco de nossas relações e da consolidação do diálogo entre a Santa Sé e o Estado cubano».
Reconheceu com satisfação o estado dos laços comuns, cujo 90º aniversário realmente representa um marco em nossas relações, e atribui grande importância e significado a esta visita.

Por sua vez, monsenhor Gallagher, depois de lembrar a histórica visita do papa Francisco há dez anos, destacou o «grande sentimento de afeto que o Pontífice tinha por Cuba, por seu povo e também por Fidel e Raúl».
«Estamos felizes por celebrar esta comemoração de 90 anos de relações diplomáticas, que para nós é importante na história da Igreja Católica», disse.
Também transmitiu ao presidente Díaz-Canel saudações em nome da Santa Sé e do papa Leão 14.
«Com esse diálogo contínuo que está se manifestando neste momento», enfatizou, «estamos comprometidos, junto com a Conferência Episcopal Cubana, a trabalhar para definir as relações mais claramente e promover a cooperação da Igreja Católica em Cuba, para o bem de toda a população cubana».
NOVENTA ANOS DE RESPEITO E RECONHECIMENTO MÚTUOS
Ao finalizar a reunião, o presidente Díaz-Canel e dom Paul Richard Gallagher lideraram, no emblemático Salão Portocarrero do Palácio da Revolução, o ato central pelo 90º aniversário do estabelecimento das relações entre Cuba e a Santa Sé, no qual foi ratificada a vontade comum de continuar desenvolvendo os vínculos positivos existentes.
Ao discursar na comemoração, o alto representante da Igreja Católica expressou sua satisfação por poder falar na bela terra cubana, pátria do venerável presbítero Félix Varela, a quem evocou em vários momentos, assim como José Martí.
Palavras de carinho e esperança para o povo cubano foram transmitidas em sua dissertação, na qual refletiu sobre o trabalho diplomático da Santa Sé, baseado no Evangelho a serviço do homem, a serviço da paz e a serviço dos direitos e da liberdade religiosa.
Por sua vez, o membro do Bureau Político e ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, em um discurso cheio de referências históricas, através da evocação de figuras como Félix Varela, José Martí e Fidel Castro, elogiou a luta da Ilha maior das Antilhas por sua independência e soberania, e contra o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto ao povo cubano pelo governo dos Estados Unidos, que descreveu como genocídio.
Em suas observações, o ministro das Relações Exteriores destacou a sólida relação entre Cuba e a Santa Sé, marcada pelo respeito mútuo e pela cooperação, fortalecida pelas visitas dos Ppapas João Paulo II, Bento 16 e Francisco, bem como por reuniões históricas como a que ocorreu entre Francisco e o patriarca Kirill, em Havana, em 2016.
Em um contexto global de crises ambientais, desigualdades e conflitos, como o de Gaza, o chefe da diplomacia cubana pediu uma ordem mundial baseada no respeito, no diálogo e na cooperação.
«No início do pontificado do papa Leão 14, renovamos nossa vontade de fortalecer o diálogo respeitoso, ético e construtivo que caracteriza a relação entre a Santa Sé e a República de Cuba», concluiu Rodríguez Parrilla.