ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
O segundo gerador da usina de Santa Cruz tem inauguração prevista para outubro. Photo: Jose M. Correa
O primeiro bloco da usina termelétrica Lidio Ramón Pérez, em Felton, Holguín, está próxima de se sincronizar com o Sistema Elétrico Nacional (SEN) neste fim de semana, informou em 17 de setembro à imprensa Vicente de la O Levy, ministro de Energia e Mineração.
 
Explicou que este bloco,  um dos maiores do sistema, passou por uma situação crítica que exigiu seu desligamento e prosseguimento de seu reparo.
 
Estava planejado para 20 dias, mas «os planos são feitos e, depois de iniciados, são corrigidos e o tempo é levado em consideração; porque quando o equipamento é novo, planeja-se melhor, mas se é um equipamento que já trabalha há 40 anos, quando você começa a se abrir, descobre coisas. No entanto, neste caso, aconteceu o oposto, de forma positiva».
 
«Planejamos isso por 20 dias, e tudo indica que poderá ser inserido no sistema até o próximo final de semana».
 
 DÉFICIT AUMENTANTE, A SITUAÇÃO MAIS CRÍTICA
 
O ministro de Energia e Mineração explicou que, «quando o bloco Felton 1 entrar em operação, a situação mais crítica deverá melhorar; isso significa retornar aos níveis de impactos que tínhamos antes de sua entrada em operação. Está melhorando, mas ainda há um déficit significativo», observou.
 
«Antes da saída de Felton, o sistema era muito fraco», comentou, «e isso agravou o déficit, somado a uma pane em uma tubulação de água do mar nas instalações de Mariel, com capacidade de 100 megawatts. Esse problema agora foi resolvido», afirmou.
 
Acrescentou que, em coordenação com a indústria militar, o sistema de gasodutos foi completamente reparado e, neste momento, antes desta conferência, estava gerando 98 MW e deve chegar a 112, um alívio, sem dúvida. 
 
«Também houve paralisações de blocos de geração nas usinas Renté e a de Nuevitas», acrescentou. «Isso levou a uma semana extremamente tensa, com um déficit de mais de 2.000 MW na terça-feira», explicou.
 
 O QUE ACONTECEU EM HAVANA NA SEGUNDA-FEIRA?
 
Sobre o ocorrido na tarde de segunda-feira, 15, na capital, De la O Levy explicou que, dadas as condições em que o sistema estava operando,  flutuou devido ao desligamento de um bloco em Nuevitas e, para evitar seu desligamento total, os colegas do Escritório Nacional agiram com urgência, abrindo os circuitos de Havana, os maiores consumidores, para estabilizar as grandes flutuações. 
 
A interrupção na capital durou aproximadamente uma hora, foi aberta às cinco da tarde e, por volta das seis da tarde, os circuitos foram restabelecidos, retornando ao nível de impacto existente antes do evento ocorrer.
 
 PROJEÇÕES PARA OS PRÓXIMOS DIAS
 
O chefe do ministério de Energia e Mineração enfatizou que, uma vez incorporada a Felton 1, com a geração atual e os parques solares, os impactos diurnos podem ser reduzidos novamente para menos de 1.000 megawatts.
 
«Estamos entrando em uma época do ano em que esses impactos diurnos estão se tornando mais rápidos e mais curtos», comentou. «No verão, um impacto de 1.700 MW dura horas; no inverno, um impacto de 1.700 MW dura minutos. A demanda aumenta muito rapidamente, e a demanda também», explicou.
 
Em relação ao combustível, argumentou que não houve uma situação crítica esta semana, embora tenha havido alguma escassez em algumas regiões, e os lubrificantes estão se tornando escassos em um nível que também está se recuperando. «Isso não significa que o combustível esteja estável, porque há uma situação extremamente tensa com o financiamento».
 
 PARQUES SOLARES E BATERIAS REGULADORAS DE FREQUÊNCIA
 
«Até o momento, instalamos 656 MW dos 1.000 MW que planejamos instalar este ano, e quase toda semana, um ou dois novos parques desse tipo estão sendo sincronizados e inaugurados no país», disse. «Restam apenas dois parques para iniciar a construção», acrescentou. «Todos os outros estão progredindo conforme o cronograma».
 
Em relação ao armazenamento de energia, De la O Levy explicou que, além de cada contrato de 1.000 MW para parques solares, foram contratados 100 MW de armazenamento para regular a frequência.
 
«As duas são tecnologias diferentes: a produção de painéis solares fotovoltaicos já é feita em série, como a produção de parafusos», exemplificou; «porém, as baterias são produzidas com engenharia e atenção aos detalhes, como um terno feito sob medida para o local onde serão instaladas».
 
«Essas baterias já estão prontas e pagas, e todas as inspeções de engenharia e fábrica estão sendo concluídas para o envio. Os fundos para este projeto já estão no país», acrescentou.
 
Esclareceu que, como já foi explicado em outras ocasiões, mesmo que o projeto do parque solar não tivesse sido implementado, o sistema elétrico cubano já precisava de baterias para regular a frequência e estabilizá-lo, já que «nossas antigas termelétricas necessariamente perderam a capacidade de regular a frequência«. E acrescentou que «colocar uma termelétrica em regulação de frequência aumenta o esforço dessa máquina, que também está gerando eletricidade». 
 
Uma vez instaladas estas baterias, a situação do sistema mudará substancialmente, no que diz respeito aos disparos de alta frequência, pois estes diminuirão consideravelmente, não só para o cliente, mas também para a estabilidade da SEN.
 
 MANUTENÇÃO COMPLETA
 
«Pretendemos continuar realizando a manutenção que estamos realizando nas usinas Céspedes e a de Havana Leste», afirmou.
 
No caso do Renté 5, que apresentou comportamento instável, explicou que a unidade já está em processo de assimilação da intervenção, pois já concluiu a manutenção após um ano completo.
 
Por que o processo de assimilação? Quando uma grande reforma é realizada, mais de 1.000 pontos da usina termelétrica são trabalhados, os quais sempre exigem «ajuste fino», que é o que é detectado quando a máquina está em operação e corrigido.
 
«No caso do Mariel 6, também passou por reparos e ficou em operação por cerca de um mês, com as mesmas irregularidades do Renté 5, até que o 'ajuste fino' foi concluído e a unidade ficou completamente estabilizada», explicou.
 
O ajuste em Renté será então concluído, e o Céspedes 4, uma unidade altamente confiável para a operação do sistema, será sincronizado com a máquina Este Habana, que também está em manutenção há um ano. «Tudo isso acontecerá durante o restante de setembro e outubro», afirmou. 
 
Em relação ao movimento de manutenção de máquinas, o ministro reconheceu criticamente que a sincronização das unidades que havia sido planejada para o verão não pôde ser alcançada.
 
«Elas foram transferidas porque essas unidades passaram por um diagnóstico e um planejamento, até mesmo entre especialistas estrangeiros e os nossos melhores especialistas aqui; mas quando você abre um gerador que está em operação há 40 ou 50 anos, você encontra outras coisas e outras situações», explicou.
 
«Portanto, foi decidido estender a manutenção, pois seria muito doloroso desligar uma unidade e terminar a manutenção sabendo que você deixou algo quebrado, só para depois ter que desligar a unidade novamente por causa disso», acrescentou.
 
Foi o que aconteceu conosco em Céspedes, onde também houve erros de qualidade que foram corrigidos ao longo do caminho, porque temos que ser honestos, «porque isso pode acontecer, mas nossos eletricistas estão em uma luta com comprometimento e senso de pertencimento».
 
Disse que, no verão, o principal motivo pelo qual o compromisso de redução de danos não pôde ser cumprido foi a falta de combustível.
 
Soma-se a isso a retirada dos plataformas marítimas de geração em agosto, que aumentou o déficit. Essa retirada teria sido motivada por razões comerciais. «Todo o povo cubano sabe, porque é inteligente, que o motivo é que não conseguimos pagar», afirmou.
 
De la O Levy se referiu ao relatório sobre o bloqueio apresentado em 17 de setembro pelo ministro das Relações Exteriores, no qual afirmou que «cinco horas de bloqueio equivalem ao financiamento necessário para os grandes reparos da usina termelétrica Antonio Guiterras: 100 milhões de dólares». 
 
«Podemos ter ineficiência, mas mais de 95% da causa real é a falta de financiamento, porque está comprovado que os trabalhadores do sistema elétrico não descansam, e há uma real falta de recursos. Se não tivermos os US$ 100 milhões, não poderemos fornecer a Guiteras o capital necessário para a manutenção».