ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Díaz-Canel continua a visita ás usinas termelétricas do país. Photo: Estúdios Revolución
MATANZAS.- «Muito do que o país conquista tem a ver com o que vocês conquistam aqui, em Guiteras», disse Miguel Díaz-Canel Bermúdez, primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista e presidente da República, no último sábado, em conversa com um representante do coletivo de trabalhadores da emblemática usina termelétrica Antonio Guiteras.
 
A visita faz parte de um roteiro iniciado na última sexta-feira, 19,durante o qual o presidente visitará todas as usinas termelétricas do país para avaliar, junto com seus funcionários e gestores, o andamento do programa de recuperação da capacidade de geração do Sistema Elétrico Nacional (SEN).
 
Dada a urgência do início de uma manutenção profunda na usina Guiteras, prevista para dezembro, o presidente enfatizou a urgência dessa ação, que deve ser bem preparada para uma implementação de alta qualidade. Também enfatizou a necessidade de trabalhar em todo o país para restaurar o máximo de geração possível antes do descomissionamento de Guiteras, a fim de reduzir o impacto que a ausência dessa importante usina teria.
 
Segundo Rubén Campos Olmo, diretor-geral da termelétrica, esse tipo de intervenção deve ser realizada a cada sete ou oito anos, de acordo com as normas técnicas, pois é crucial para equipamentos básicos como caldeiras, turbinas, geradores e transformadores. «A prevista para o final de 2025 é a primeira em 15 anos», acrescentou.
 
Antes de sua execução, as principais tarefas foram organizadas para manter a geração de energia elétrica com a maior disponibilidade, confiabilidade e eficiência possíveis até o início dos grandes reparos.
 
Campos Olmo explicou que duas variantes foram projetadas. A primeira visa reparar pelo menos equipamentos básicos para aumentar a confiabilidade; enquanto a segunda, de maior alcance, se baseia na paralisação programada para 180 dias.
 
Entre outros objetivos de trabalho, o projeto inclui reparos parciais ou importantes de chaminés, substituição de tubos condensadores, manutenção geral de aquecedores de ar regenerativos e reparo de aquecedores de alta pressão.
 
Guiteras, o maior bloco unitário do país e, portanto, vital para a operação do SEN, está atualmente gerando 226 MW devido a uma falha em um de seus componentes essenciais, o que o deixa abaixo de sua capacidade máxima de 250 MW.
 
Guiteras está gerando atualmente 226 MW devido a uma falha em um dos componentes essenciais. Photo: Estúdios Revolución
A limitação, explicou o diretor-geral ao presidente Díaz-Canel, «deve-se a um problema no reaquecedor de alta temperatura, que consiste em um conjunto de tubulações que se tornaram mais finas ao longo dos anos. Essa falha força o desvio de parte do vapor que deveria ir para a turbina, forçando uma redução na carga operacional», explicou.
 
Diante dessa situação, agravada pelas complexidades econômicas que Cuba vive, Campos Olmo destacou a resiliência do grupo de pouco mais de 400 trabalhadores que seguem lutando, comprometidos com o povo.
 
Também destacou o desenvolvimento de um forte movimento de inventores, no qual «estamos atualizando constantemente o banco de dados de problemas da usina«, bem como o fortalecimento dos laços de colaboração com a Universidade de Matanzas, não apenas em termos de formação de estudantes, mas também para aumentar a capacitação dos trabalhadores da usina termelétrica.
 
O diretor também se referiu às medidas que estão sendo implementadas no centro no âmbito do Programa do Governo para a recuperação do Sistema Elétrico Nacional (SEN), relacionadas a aumentos salariais, alimentos e materiais de higiene, bem como assistência médica especializada, entre outros apoios essenciais.
 
«É muito estimulante visitar esta emblemática usina termelétrica Antonio Guiteras e apreciar o nível de comprometimento e responsabilidade de sua força de trabalho para recuperar a capacidade geradora da usina e contribuir para a necessária e urgente estabilização do Sistema Elétrico Nacional. Temos plena confiança de que alcançarão os objetivos propostos», escreveu o presidente no livro de visitantes da usina, fundada em 1988.
 
O MAIOR OBSTÁCULO
 
Em declarações à imprensa, o diretor-geral da termelétrica apontou categoricamente o bloqueio econômico, comercial e financeiro do governo dos EUA como o fator que mais impacta as operações da entidade, que qualificou como a indústria cubana mais afetada por isso.
 
Nesse sentido,  lembrou que, a partir de 2015, quando a General Electric Company, dos Estados Unidos, adquiriu a francesa Alstom — a empresa original que projetou e montou as Guiteras —, perdeu o acesso a um empréstimo francês que canalizava todos os suprimentos e peças de reposição. Desde então, o processo se tornou extremamente complexo.
 
Entre outros exemplos, mencionou as dificuldades de encontrar bancos na Europa, inclusive em Paris, dispostos a trabalhar com Cuba, devido ao risco de multas multimilionárias.
 
Também mencionou a retenção de equipamentos, como aconteceu com duas bombas na Jamaica, devido ao fabricante ter sido forçado a remover uma peça fabricada nos EUA antes de enviá-las para Cuba, o que gerou custos e atrasos significativos.
 
Também detalhou que um acionamento de velocidade variável, avaliado em um milhão de dólares, já pago e fabricado, foi retido e não entregue, exigindo reembolso. Acrescentou que, desde maio, a entrega de válvulas especiais de origem norte-americana, cruciais para a operação do sistema e o cumprimento dos planos de manutenção, tem sido repetidamente adiada.