Em 2 de dezembro de 1956, a história de Cuba ganhou novo impulso. Da lama de Los Cayuelos e da vontade inabalável daqueles 82 expedicionários emergiram as Forças Armadas Revolucionárias, herdeiras do espírito do Exército Rebelde
Iate Granma. Photo: Archivo
A noite estava densa, pesada de sal e presságios. O iate Granma sacudia furiosamente nas águas do Golfo. Quase engolido pelas ondas, mal resistia ao peso dos sonhos e das armas. Aqueles sete dias de tempestade e náusea, combinados com um mar traiçoeiro, pareciam conspirar contra os jovens expedicionários liderados por Fidel Castro.
Após algum tempo, uma ordem quebrou a tensão: «Velocidade máxima em direção à costa!». O casco raspou brutalmente na lama, parando a 60 metros da praia. O silêncio do motor deu lugar a suspiros coletivos e aos respingos dos primeiros homens que pularam na água ali mesmo em Los Cayuelos, um ponto na praia de Las Coloradas, no município de Niquero.
Naquele instante, a liberdade assumiu o peso frio do rifle, da mochila encharcada e da lama que subia pelas botas. O verdadeiro teste estava começando.
O que parecia terra firme visto do barco era, na verdade, um pantanal traiçoeiro, um terreno macio e viscoso que se recusava a libertar suas vítimas. A lama espessa e fria grudava em suas pernas, ameaçando engolir homens e esperanças.
Avançaram por duas horas intermináveis na escuridão, com água até o peito, arrastando seus corpos por aquela lama infernal. Não havia inimigo à vista; apenas a própria terra, rebelde, hostil.
O amanhecer trouxe consigo um zumbido distante que logo se transformou em um rugido: o disparo preciso de uma arma pesada vinda do mar. Eles haviam sido avistados. O iate Granma, sozinho e encalhado, era agora um alvo certo.
Então vieram as rajadas de vento do céu, cortando o ar acima das cabeças dos 82 membros da expedição. A fome e o cansaço extremo estavam estampados em cada rosto magro, em cada músculo trêmulo.
Mas naqueles olhos, tomados pelo cansaço, ardia uma obstinação diferente, uma promessa feita carne, um juramento que sobrevivera ao naufrágio e agora desafiava o pântano e até as balas: ser livre ou mártir.
Em 2 de dezembro de 1956, a história de Cuba ganhou novo impulso. Da lama de Los Cayuelos e da vontade inabalável daqueles 82 expedicionários emergiram as Forças Armadas Revolucionárias (FARs), herdeiras do espírito do Exército Rebelde, guardiãs de um país que aprendeu a forjar seu destino com as próprias mãos.
E daquela aurora manchada de pólvora e lama, o feito começou a crescer para além dos homens que o realizaram. Tornou-se uma semente e uma bússola, um legado vivente para as novas gerações.
As Forças Armadas Revolucionárias são guardiãs de um país que aprendeu a forjar seu destino com as próprias mãos.Photo: José Manuel Correa
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