Inicia-se teste clínico com Jusvinza para tratar sequelas articulares da chikungunya
A pesquisa busca avaliar a eficácia do medicamento na redução da dor e da inflamação articular persistente, que afeta muitos pacientes meses após a superação da fase aguda da infecção
Foto: CIGB.
O hospital clínico-cirúrgico provincial Comandante Faustino Pérez, na província de Matanzas, iniciou nesta segunda-feira, 1º de dezembro, um teste clínico com o medicamento cubano Jusvinza — desenvolvido pelo Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB) — para o tratamento da poliartrite residual em pacientes convalescentes da chikungunya, uma das sequelas mais incapacitantes dessa doença viral.
A pesquisa, liderada pela dr.ª Yudisay Reyes Pelier, especialista em Oncologia e membro do Grupo de Pesquisa Clínica do CIGB, busca avaliar a eficácia do medicamento na redução da dor e da inflamação articular persistente, que afeta muitos pacientes meses após a superação da fase aguda da infecção.
Segundo publicação da colega Yunielis Moliner, o teste clínico inclui 120 pacientes com idades entre 19 e 80 anos, todos com diagnóstico confirmado de chikungunya e sintomas articulares com duração superior a três meses.
Os participantes foram divididos em dois grupos de 60 pessoas: um grupo de intervenção, que receberá Jusvinza juntamente com o tratamento convencional, e um grupo de controle, que continuará apenas com a terapia usual.
O tratamento com Jusvinza consiste em nove doses subcutâneas distribuídas ao longo de um período de seis semanas, administradas em regime ambulatorial ou hospitalar, dependendo da situação clínica e do local de residência do paciente.
Jusvinza — cientificamente conhecido como peptídeo CIGB-258 — é um produto biotecnológico cubano que já possui registro de uso emergencial em Cuba para o tratamento de pacientes com Covid-19 grave, no qual demonstrou capacidade de modular a resposta inflamatória excessiva que causa danos pulmonares.
O dr. Eulogio Pimentel Vázquez, diretor do CIGB, destacou recentemente que o medicamento «comprovou ser seguro» e que seu desenvolvimento responde à necessidade de oferecer alternativas terapêuticas para doenças inflamatórias crônicas, com um custo de produção significativamente menor do que o de alternativas similares no mercado internacional.
Este teste clínico faz parte da estratégia do Sistema Nacional de Saúde de Cuba para lidar com as consequências a longo prazo da chikungunya, uma doença que, após o surto epidêmico, deixou uma porcentagem considerável de pacientes com artralgia persistente, afetando sua qualidade de vida e sua capacidade de trabalhar.
Os pesquisadores esperam que o Jusvinza proporcione uma melhora de mais de 70% na evolução clínica dos pacientes, o que poderia tornar o medicamento cubano uma alternativa terapêutica acessível para uma condição que atualmente carece de tratamentos específicos eficazes.
O estudo destaca o papel do hospital Faustino Pérez como Centro de Referência para pesquisa clínica e demonstra a capacidade da ciência cubana de desenvolver soluções próprias para problemas de saúde que afetam a população.
Esse é um projeto que proporciona soberania tecnológica, uma vez que, em caso de obsolescência, quebra ou bloqueio, soluções rápidas podem ser fornecidas, pois se trata de uma interface desenvolvida no país