
Pensei que talvez neste momento da gestão de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos — há pouco mais de seis meses — o democrata que fez tantas promessas de reverter a política hostil de seu antecessor contra Cuba já teria, pelo menos, eliminado todas ou a maioria das 243 medidas adicionais ao bloqueio criminoso, impostas por Donald Trump.
Mas existe uma realidade que não permite diferenças: sejam democratas ou republicanos, tanto Biden quanto Trump respondem a uma política semelhante e, se houver algo diferente, é alguma mudança cosmética ou simplesmente uma forma de «ficar bem» com um ou outro grupo de eleitores.
O que aconteceu na última sexta-feira, 30 de julho, na Casa Branca foi descrito pelo chanceler cubano Bruno Rodríguez Parrilla como «uma farsa».
Além disso, o presidente dos Estados Unidos não se entrega ao respeito quando assiste a uma reunião onde estão presentes anexacionistas, contrarrevolucionários e promotores confessos do ódio e do confronto com Cuba, país que, em muitos casos, os viu nascer.
Alguns meios de comunicação descreveram os convidados como «líderes cubano-norte-americanos», desrespeitando o conceito de líder com suas qualificações. Mas também faz parte do show que tenta fabricar uma matriz de mentiras sobre o que está acontecendo em Cuba.
«Estou aqui para ouvir», disse o presidente a seus convidados, lamentando que o povo cubano «tenha sofrido décadas sob um regime comunista fracassado».
Pouco tato e total irreverência de um presidente que nada fez do que prometeu aos seus eleitores, para que as relações entre o seu país e o nosso passassem por outras vias que não o confronto e o ódio.
Usar a questão cubana como moeda de troca em suas aspirações eleitorais de conquistar o voto da Flórida e, junto com ela, aplicar novas sanções ao povo da Ilha, é dar continuidade ao que tanto criticou de seu antecessor Donald Trump.
No citado mimo, não poderia faltar aquela espécie de estrela pré-fabricada da contrarrevolução: o músico Yotuel Romero.
Diante desses anexacionistas, o presidente Biden disse que mais sanções viriam, a menos que houvesse «mudanças drásticas» em Cuba. Afirmou também que os Estados Unidos estão ampliando a assistência aos presos políticos e dissidentes e que pediram ao Departamento de Estado e ao Departamento do Tesouro que apresentassem, no prazo de um mês, recomendações sobre «como maximizar o fluxo de remessas ao povo cubano sem que os militares cubanos recebam uma parte».
Qualquer cidadão deste mundo que ouviu, viu ou leu os discursos de Biden durante sua campanha eleitoral para derrotar Trump, pode pensar que quem agora fala e age é outra pessoa; mas não, é o mesmo que, uma vez na Casa Branca, mudou de rumo, enquanto Cuba continua sofrendo os efeitos genocidas do bloqueio, das novas sanções e do jogo político de republicanos e democratas.
Biden também incluiu em sua agenda destes dias receber na Casa Branca a líder da oposição da República da Bielorrússia, Svetlana Tijanóvskaya, que pediu mais pressão e novas sanções contra o presidente de seu país, Aleksandr Lukashenko.
Após a reunião, Biden deu alguns biscoitos à ex-candidata à presidência da Bielorrússia, que foi derrotada nas urnas e se tornou uma crítica feroz do processo que lhe foi adverso.
Os despachos das grandes agências não informam se houve biscoitos dados aos anexacionistas cubano-americanos convocados para o programa da mídia com o presidente Biden.





