ÓRGÃO OFICIAL DO COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA DE CUBA
Photo: Juvenal Balán

MAISÍ, Guantánamo.— Após vários dias de espera, e depois de algumas tentativas falhadas devido aos rios alagados, os desabamentos em La Farola e a destruição das pontes, nossa equipe conseguiu chegar aonde começa a Ilha.

Pensávamos que em termos de destruição já tínhamos visto tudo, depois de percorrer Baracoa, Imías e San Antonio del Sur, contudo nada é comparável ao contemplado em Maisí. Durante o percurso pela costa sul, a devastação sofrida pela floresta nos advertia que os danos, se é que pode ser empregada essa palavra suave, tinham sido muito severos.

Poderia dizer-se que é um território sem sombras, porque não ficou uma árvore e pé ou uma casa com telhado. Quase tudo foi destroçado pela fúria de Matthew. Punta Caleta, o lugar por onde entrou, é um monte de escombros. E assim, na medida em que avançávamos para La Máquina, cidade principal do município, a destruição era cada vez maior.

Transitar por quaisquer de suas estradas, que se transformaram em caminhos, em trilhos, resulta difícil porque são centenas os postes elétricos quebrados e as linhas telefônicas desfeitas. Custa ver tantas casas arruinadas e em muitas ocasiões os bens de seus moradores ainda debaixo dos escombros.

Uma breve conversação com Noel Mosqueda Mosqueda, presidente do Conselho de Defesa no território de Maisí nos confirma o que resulta óbvio: o município sofreu a maior catástrofe de sua história.

Segundo Noel, uma avaliação preliminar dos danos ratifica que em torno de 94% das moradias têm sido afetadas, tal como a maioria das instituições do comércio e a gastronomia com seus armazéns, além da rede escolar, que tem 63 escolas afetadas.

Relativamente à agricultura, os prejuízos são quantiosos. Não ficou uma bananeira em pé e a principal cultura do município, o café, tem sido varrido, reconhece o presidente, quem acrescenta que quase 100 % da reserva florestal foi abaixo, além de uns 4 mil hectares de culturas diversas.

Relativamente à infraestrutura hidráulica, dos 13 aquedutos, dois dos quais funcionam mediante bombas, a totalidade foi avariada, igual que quase toda a rede elétrica e telefônica, além das torres de Sierra Verde, Santa Rita, da Etecsa e a da emissora municipal, indica Mosqueda Mosqueda.

ESTAR VIVOS É O MAIS IMPORTANTE

Yordany Romero, médico da comunidade La Asunción teve muita atividade após a passagem do furacão. A sua consulta chegaram dezenas de pessoas com a pressão alta e muito deprimidas, por causa do drama vivido e a incerteza do dia depois.

Busquei a medicina que resulta infalível nestas condições, uma terapia psicológica que não falha nessas condições: «Escute, fique tranquilo, você está vivo, isso é que é importante», dizia-lhes e quase todos respondiam: «É verdade. Doutor, com o que passamos ontem à noite, é para que não tivesse ficado ninguém com vida».

E com essa filosofia tem ido se levantando o pessoal de Maisí, tendo o incentivo adicional de ter recebido a visita do presidente cubano, Raúl Castro, quem lhes transmitiu muita confiança, segundo afirma Neris Matos Méndez, moradora de La Máquina.

«Ele me estreitou a mão e me disse que o mais importante era que tínhamos salvado a vida, que daí em diante devíamos ter paciência, que primeiro deviam ser avaliados os danos e depois organizar a ajuda», conta.

Dora Hilda Lamber Durán, quem mora no bairro Casimbas, na ponta de Maisí, apesar das sérias avarias sofridas em sua moradia, tem forças para olhar com certeza o futuro:

«Desta também vamos sair. Vejam, já começou a chegar a ajuda de todas partes. Os eletricitários estão trabalhando forte e já até nos podemos comunicar mediante o celular com a família, que estava desesperada por saber de nós. Tampouco faltou a comida, e a água, que é tão vital; distribuem-na através de carros-pipas. Acho que é bom, apesar da destruição que tivemos», reconhece.

E se de otimismo se tratar, nada comparável ao visto na Comunidade El Veril. Ali a maioria das casas caiu e as que não perderam o telhado ou receberam algum tipo de dano.

José Miguel Massanet Fernández, professor da escola Camilo Cienfuegos, viu com tristeza como voava o telhado de sua casa e se molhava a maioria dos bens, contudo, não está triste porque diz sentir-se acompanhado por muita gente boa que veio de todos lados para ajudá-los.

Outros moradores que viram no carro o logótipo do jornal Granma, aproximaram-se de imediato, não para se lamentarem, mais bem para infundir em nós maior fortaleza. De entre eles saiu a voz de uma jovem que disse com uma força que ainda ressoa em nossos ouvidos: «escutem, jornalistas, ponham aí que por Maisí é por donde o sol se levanta em Cuba», uma frase capaz de encerrar o espírito de sua gente.